Florência, Gustavo e os 400 Ladrões
Conto instantâneo (não é preciso juntar água) da época da troika, do Passos Coelho e dos 400 ladrões exterminadores que saqueavam o país, quando o dia-a-dia era feito de austeridade e reajustamentos, e o que apenas sobrava eram as paixões e o calor humano. O Gustavo, desempregado de longa duração e desta vida descontente, gostava da essência da sua Florência, e ela, amada mas angustiada, vendo que tardava o momento de pedi-la em casamento, logo a Florência perdeu a paciência, pôs de lado a inocência, fechou os olhos à indecência, e num acesso de inclemência, não esperou pela demora. Deitou a mão ao Gustavo, e pelo sim, pelo não, ali mesmo se decidiu profaná-lo sem compaixão. - Que fazes Florência, pensa no subsídio de desemprego e no rendimento de inserção, olha que pode vir aí o fiscal da segurança social! Compõe-te, larga-me da mão minha doce paixão, sai de cima de mim, não sabes dar tempo ao tempo, não sabes esperar? - Qual esperar, qual disfarçar, farta de esperar esto