Ah, Querida Loucura!

Em Setembro de 2002 foi publicada na II Série do Diário da República a aposentação do Juiz Desembargador Dr. José Manuel Branquinho de Oliveira Lobo, a quem foi atribuído o número de pensionista 438.881. De facto, no dia 1 de Abril de 2002 (que por coincidência é dia das mentiras) o Dr. Branquinho Lobo compareceu perante uma Junta Médica que, por força de uma doença do foro psiquiátrico, considerou a sua incapacidade para estar ao serviço do Estado, o que foi determinante para a sua passagem à situação de aposentado. Foi beneficiado com a passagem à reforma sem qualquer penalização, tanto de tempo de serviço como de vencimento, passando assim a auferir uma razoável pensão de aposentação, no montante de 5.320,00 euros (qualquer coisa como 1.066.564$20 em moeda antiga).
Dois anos passados, por resolução proferida no dia 30 de Julho de 2004, o Conselho de Ministros do Governo do Sr. Pedro Santana Lopes, achou por bem nomear o antigo Juiz Desembargador para Director Nacional da Polícia de Segurança Pública, ficando provado que para se chegar a altos cargos, os atestados médicos não são para aí chamados. Desde então, portador de uma doença inibidora do exercício da magistratura - e que pressupunha o exercício de outras actividades, de forma condicionada e com certas limitações -, eis que o Dr. Branquinho acumula a sua pensão de aposentação por incapacidade com o vencimento de Director Nacional da PSP, ao mesmo tempo que, apesar de diminuído e com grande espírito de sacrifício, lá se vai desenrascando nas suas novas funções. Persiste a dúvida se a Junta Médica se enganou na avaliação, ou se foi outra razão que prevaleceu. O que não há dúvida é que o Governo nomeou quem não devia, até que o senhor Branquinho Lobo se finou em Agosto de 2008, tendo a cerimónia fúnebre sido organizada pela PSP.  
Depois de ter visto um porco com escafandro de mergulhador e uma respeitável velhinha coleccionar espinhas de carapau, já poucas coisas me espantarão. Afinal, neste país do incrível, sempre vai havendo tratamentos distintos, para os vários tipos de loucura. Uns são internados, outros levam choques eléctricos, e outros ainda são convidados para dirigir polícias. Daí chegar a ministro só vai um passo. Ah, querida loucura!

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