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A mostrar mensagens de novembro, 2018

Abominável Mundo Novo (1)

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Nos tempos que correm não é difícil ser profeta nem fazer futurologia, pois os sinais de mudança multiplicam-se a um ritmo elevado, e as portas vão-se entreabrindo. A inteligência artificial (I.A.) começa a invadir o nosso quotidiano, umas vezes como brinquedos e curiosidades tecnológicas, outras como aparelhos utilitários, outras já como verdadeiros substitutos do ser humano, realizando tarefas que têm tanto de complexas como de fastidiosas, com a grande vantagem de serem auto-suficientes, manterem-se activos 24 horas sobre 24 horas, não precisarem de férias, pausas para tomar café ou ir à "casinha", não cometerem erros por distracção, negligência ou ignorância, não serem exigentes nem reivindicativos, não precisarem de salário e serem facilmente substituíveis. A sua única necessidade é a energia para se manterem activos, sendo que a manutenção e actualização das suas funções e competências, numa fase mais avançada, ficará entregue a um processo auto-regenerativo.  A

Deuses e Deuses

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Se bem que as religiões monoteístas tenham livros sagrados, como a Torah, o Talmude, a Bíblia, os Evangelhos e o Corão, os deuses olímpicos apenas habitam em mitos (daí haver mitologias), muitos deles anteriores à própria escrita, que sobreviveram por via oral, mas que ainda assim dá para tirarmos algumas conclusões interessantes.  Assim, os deuses do Olimpo têm grandes vantagens sobre o Deus das religiões monoteístas, por várias razões. Muito embora tenham um deus supremo que é Zeus, os deuses olímpicos não reclamam ser adorados, não doutrinam nem ditam sentenças, não castigam nem são exigentes com a espécie humana, em matéria de veneração ou exclusividade de culto, muito embora possuam atributos que os humanos veneram, sendo também inspiradores de bons e maus comportamentos, pois também os deuses são possuidores de defeitos e virtudes. Não vale de nada pedir-lhes algo, porque não nos atendem nem fazem milagres. Olimpicamente falando, não se intrometem na nossa vida nem nos

O Jogo da Chave

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Tenho um relógio de pé alto do século XIX, em madeira de cedro e de fabrico alemão, ou melhor, prussiano, que não gosta de vibrações. Apenas desacerta quando há trovoadas ou obras com martelos pneumáticos, nos outros andares do prédio. Mexer-lhe nos ponteiros só quando não pode deixar de ser, como quando ocorrem as estúpidas mudanças da hora de verão ou de inverno. Fruto de não sei quantas partilhas, há não sei quantas gerações, acabou por vir morar connosco há perto de vinte anos. Baptizámo-lo de Bismarck. O Bismarck tem três chaves; uma para abrir a portinhola traseira para aceder ao mecanismo, outra para dar corda no orifício lateral, e outra para aceder ao painel envidraçado frontal, que dá acesso ao pêndulo e aos ponteiros do mostrador. As outras duas chaves estão penduradas no chaveiro lá de casa, para serem usadas quando são precisas, mas a terceira é a protagonista de um jogo que eu mantenho com ela, e como a chave é minúscula e belíssima, ainda mais aliciante é o desafio