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A mostrar mensagens de agosto, 2018

Histórias Sem Final Feliz (2)

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Tal como nos filmes, a história da Cinderela também teve um final alternativo, bem diferente da versão que nos é contada. Como certamente se lembram, depois das doze badaladas da meia-noite, e antes que toda a magia se esfumasse, a Cinderela abandonou os braços do Príncipe, no baile do palácio real, perdendo na fuga um dos sapatinhos de cristal, o qual devido a qualquer mágica anomalia, não se volatizou como tudo o resto. É certo que no dia seguinte o Príncipe começou a percorrer o reino, à procura da jovem a quem o sapatinho abandonado servisse. Lá acabou por dar com a sua Cinderela, logo se preparando para a desposar, porém, o Rei que tinha mau feitio e não era flor que se cheirasse, não estava pelo ajustes. Era o que faltava! Para que o casamento se consumasse, e para que não houvesse dúvidas, exigia que aparecesse o outro par do sapatinho de cristal, coisa que só era possível de obter com uma pequena magia suplementar. Mas por mais que a Cinderela a invocasse, a Fada que engend

Histórias Sem Final Feliz (1)

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Branca de Neve, a qual visitava com regularidade os Sete Anões da Floresta, passando lá largas temporadas para matar saudades, acabou por ser repudiada pelo seu Príncipe Encantado, ao fim de onze anos de casamento. É que depois de lhe ter dado uma prole de dez adoráveis príncipezinhos, acabou por se verificar que eram todos anões.

Alice no País dos Enganos

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IMAGINEMOS que Alice ia a passear pelo campo, tropeçava num buraco e era sugada para o País dos Enganos, onde as bandeiras são hasteadas de pernas para o ar, onde há um Coelho dos Passos, um Gato das Relvas e um Chapeleiro Gaspar que fazem a cabeça em água ao povo das Formigas, mais um Rei de Copas que devora bolo-rei confeccionado pela Cigarra Soprano, e uma Rainha de Copas chamada Conceição, que por tudo e por nada grita "foi engano!", fingindo dirigir uma orquestra de sapateiros anões que tocam rabecão, giroflé-giroflá, e que nas horas vagas se dedicam a escolher livros à sorte sobre uma lista de títulos, para as criancinhas se cultivarem... ... PASSADO o devaneio desta ficção, regressemos à realidade. Estávamos em Outubro de 2012 e foi revelado que o livro de poesia para adultos "O que dói às aves", da escritora Alice Vieira (autora mais conhecida pela sua obra dedicada a crianças e adolescentes) foi recomendado pelas sumidades intelectualóides do Plano

Parceiros do Mal

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Para o capitalismo não há amigos nem inimigos, não há boas nem más causas, apenas existem negócios e interesses. Para o comprovar basta recuar até aos anos 30 do século passado, à Alemanha de Adolf Hitler, e verificar que a eclosão dos ovos do serpentário nazi não teria sido possível sem a ajuda de quem pôs os negócios à frente de tudo. Vejamos quem fez o caminho, acertando o passo com o Mal. Para isso basta passar em revista alguns excertos do livro "Espelhos: Uma História Quase Universal", do escritor, jornalista e ensaísta uruguaio, Eduardo Hughes Galeano, publicado em 2008. Tradução do castelhano para português. O título do post é de minha autoria. «(…) Hugo Boss uniformizou a Wehrmacht, o exército alemão. Bertelsmann publicou as obras que instruíram os seus oficiais. Os seus aviões voavam porque consumiam o combustível da Standard Oil [agora Exxon e Chevron] e seus soldados eram transportados em camiões e jipes Ford. Henry Ford, construtor desses veículo

"Choque Tecnológico"

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Em Agosto de 2010, o que estava na ordem do dia era o chamado "Choque Tecnológico", embalado na onda do computador "Magalhães", que andava nas mãos das criancinhas e nas bocas do mundo. As exigências da administração pública não tinham duas leituras; para se aceder aos benefícios, ou se deixava de ser um info-excluído, ou nada feito. Podíamos não ter dinheiro para mandar cantar um cego, pagar a factura da electricidade ou do telefone, mas que íamos a caminho dos países da linha da frente, lá isso era um dado adquirido. O engenheiro incompleto José Sócrates, nos seus êxtases pantagruélicos, mais preocupado com embalagens vistosas do que com a qualidade do produto, só via autoestradas e TGVs a rasgarem o país, pontes por todo o lado, aeroportos de última geração feitos à pressa, e em cada português um internauta arrancado a ferros, custasse o que custasse. Depois de ter sido feito o enterro ao "papel selado", iam acabar-se também as peregrinações às

Saramago no Cinema

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As palavras que José Saramago pronunciou em 1995, na apresentação pública do romance “Ensaio sobre a Cegueira”, são bem esclarecedoras quanto ao conteúdo da obra. Disse ele que "este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele descreve-se uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso." Na época em que li o romance de Saramago (1996), após virar a última página, tanto pela espessura das personagens, como pelo conteúdo profundamente dramático, desprovido de nomes próprios e de coordenadas espácio-temporais, apercebi-me que aquela obra, embora de abordagem difícil, era a mais “cinematográfica” - se assim se pode dizer - que o autor tinha escrito até à data. Em boa hora Fernando Meirelles

Colecções Particulares

Em Novembro de 2007 foi amplamente noticiado que uma semana antes das eleições, Paulo Portas mandou digitalizar 61.893 páginas de documentos que transitaram pelo seu gabinete no Ministério da Defesa. Se em vez de digitalização - que exige um suporte de apenas meia dúzia de DVDs -, estivéssemos a falar de fotocópias tradicionais, e se cada documento fosse apenas uma página de A4, ele teria feito sair do ministério, com destino incerto, nada mais, nada menos, que 123 resmas de papel, com documentação altamente sigilosa, para não dizer de segredos de estado. A verdade é que na altura, ninguém se opôs, ninguém deu um passo, ninguém mexeu uma palha, para averiguar o destino de tal arquivo. Questionado sobre o assunto, Portas disse que se tratavam de notas pessoais a respeito do CDS-PP, o que daria um esgotante labor de 24 páginas diárias de notas pessoais. A empresa que fez a digitalização referiu que alguns documentos tinham escrita a palavra ‘confidencial’. O Ministério Público sabe do a

Uma HISTÓRIA para a HISTÓRIA

Tal como os organismos vivos, também as Empresas têm um ciclo de vida. Nascem, desenvolvem-se, reproduzem-se, têm o seu apogeu, definham e acabam por se extinguir. Algumas podem atingir maior longevidade, abrangendo várias gerações, porém, andarão sempre intimamente ligadas e condicionadas ao ciclo de vida do seu criador: o Homem. Tal como os Humanos, também as Empresas têm o seu meio ambiente onde actuam, que pode ser mais ou menos hostil, estar mais ou menos explorado, ser exigente ou permissivo, condicionando o seu êxito ou insucesso. Para contornar as dificuldades, ajustar o meio ambiente às empresas, e estas aos seus propósitos, continua a ser o Homem que dita as regras e traça os caminhos. Vivendo delas e para elas, é ele que lhes imprime dinâmica, que faz e desfaz projectos, que as leva a prosperar ou entrar em decadência, que avança e recua no meio das intempéries, esculpindo-as à imagem e semelhança dos seus sonhos e devaneios. E porque o Homem é um ser imperfeito, natura