TROVEJA EM SANTIAGO. DILÚVIO EM BRASÍLIA
Nunca mais esqueci uma reportagem exibida na televisão, na altura em que Augusto Pinochet esteve detido no Reino Unido, entre 16 de Outubro de 1998 e 2 de Março de 2000, devido ao mandato de detenção e extradição formulado pelo juiz Balthazar Garzón, da Audiência Nacional de Espanha, para que o ex-ditador respondesse pelos crimes de genocídio, tortura e assassinato de cidadãos, ocorridos durante o seu mandato, à frente da ditadura militar chilena. Na altura fiquei perplexo com o atrevimento, imaginando que iria ser feita justiça, porém, foi apenas uma falsa esperança. Quase ano e meio depois, e recorrendo a múltiplas ajudas e expedientes, Pinochet libertou-se da ameaça e regressou serenamente ao Chile e à mesma Santiago que, 13 anos atrás, havia visto o "santo" João Paulo II, aparecer ladeado do infame sanguinário, numa das varandas do fatídico palácio de La Moneda. Essa tal reportagem, dizia eu, realizada nos bairros pobres da periferia de Santiago, de ruelas fétidas