A Mala


"Passageiros chegados a Bissau reclamam malas que ficaram em Lisboa". Esta notícia do jornal PÚBLICO lembrou-me o caso passado com um amigo, ocorrido numa companhia aérea, na véspera de Natal de há 3 ou 4 anos, numa viagem de Istambul para Lisboa. Cá chegado, esperou em vão pela sua mala, que devia ter viajado com ele no porão da aeronave. Duas horas depois foi informado que devido a um "erro técnico", não tinha sido embarcada em Istambul no seu voo para Lisboa, tendo sido indevidamente despachada para Sidney. Mas pior do que isso, foi o facto de lá dentro estarem as suas chaves de casa, carteira com documentos, dinheiro e cartões bancários, utensílios de higiene pessoal, medicamentos, telemóvel e computador portátil. O seu erro fatal foi ter querido aligeirar os bolsos, ficando apenas com o bilhete da passagem e o passaporte. Tinha três alternativas: ou ia para um hotel pago pela companhia, ou para casa de um amigo, ou providenciava com a PSP o arrombamento da porta de sua casa. Fosse de que maneira fosse, aquele ia ser um Natal para esquecer. Com o pouco dinheiro que tinha no bolso, optou por ir de táxi para casa de um amigo que lhe deu guarida e assegurou a sobrevivência e a ceia da Consoada, até que uma semana depois, a sua mala chegou finalmente ao terminal de carga do Aeroporto da Portela, e foi-lhe devolvida, contra a apresentação do bilhete da passagem e do passaporte. A galdéria vinha muito maltratada e foi-lhe entregue sem nenhum pedido de desculpas, nem votos de feliz Ano Novo.

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